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Nossa Cidade

Exposição que celebra atabaques e tambores como instrumentos de identidade afro-brasileira é prorrogada

A potência dos tambores afro-brasileiros segue reverberando em Campinas: a exposição “Atabaque: Da árvore à escassez da madeira, o couro repousa protegido perpetuado nos terreiros e tablados” foi prorrogada até o dia 21 de julho, na Estação Cultura. A mostra, com entrada gratuita, faz parte do Projeto Omodé e conta com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

 

A exposição idealizada e com curadoria de Jéssica Martins, é um gesto político e poético que recoloca os tambores rituais no centro da reflexão sobre o racismo religioso, a intolerância, o apagamento cultural e a importância dos povos bantos na formação do Brasil. Com apoio do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (PROAC), a mostra circula por cidades do estado.

 

Durante décadas, tambores e atabaques foram apreendidos, criminalizados e silenciados como parte da repressão sistemática às religiões afro-brasileiras. Agora, esses mesmos instrumentos ganham o protagonismo que sempre lhes coube – reconhecidos como arquivos vivos de cultura, fé e resistência.

 

A mostra propõe uma escuta profunda. O som do tambor – que pulsa em terreiros, rodas e tablados – celebra a fé, mas também ecoa como ferramenta política contra o esquecimento. A exposição evidencia a potência simbólica e espiritual dos tambores nas práticas de matriz africana, ressaltando a resistência e a continuidade das tradições banto, presentes do Congo à Angola, de Moçambique aos quilombos brasileiros.

 

Entre os anos 1920 e 1930, mesmo com o Estado laico já garantido pela Constituição de 1891, religiões como Umbanda e Candomblé eram perseguidas como se fossem crimes. Velas, imagens, indumentárias e tambores foram apreendidos pela polícia e, por quase um século, mantidos como “provas de delito” no acervo do Museu da Polícia do Rio de Janeiro. Só em 2021, após intensa mobilização do movimento “Liberte Nosso Sagrado”, 519 peças foram finalmente reconhecidas como patrimônio e transferidas ao Museu da República.

 

É nesse contexto que o Projeto Omodé propõe reverência e escuta: o tambor, guardião dos ritos e dos corpos em movimento, é também testemunha dos silenciamentos e das insurgências. Mais do que uma homenagem, a exposição é um convite à reflexão sobre as camadas de resistência que vibram em cada batida, em cada couro tensionado que sobreviveu ao corte, ao fogo e ao silêncio forçado.

 

Serviço:

 

Exposição “Atabaque: Da árvore à escassez da madeira, o couro repousa protegido perpetuado nos terreiros e tablados”

Data: aberta até 21/07

Horário: Das 8h às 22h

Local: Estação Cultura

Endereço: Praça Mal. Floriano Peixoto – Centro

Entrada gratuita

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