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Gravidez na adolescência cai 55%

Campinas reduziu em mais da metade o número de gravidez na adolescência nos últimos 20 anos. Dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que de 2000 a 2019 caiu em 54,7% a gestação de adolescentes de 10 a 19 anos — queda de 38% entre 10 a 14 anos e de 52,2% entre 15 e 19 anos. A redução foi superior à média do Brasil no período, que registrou, entre 2000 e 2018, queda de 27% entre jovens abaixo de 15 anos e de 40% entre garotas com idades de 15 a 19 anos.

Apesar da diminuição, o nascimento de bebês de mães adolescentes ainda é alto. No ano passado, em Campinas, 8,6% dos meninos e meninas nascidos eram filhos de mães com idades entre 10 e 19 anos. Segundo levantamento da Coordenadoria de Informações Epidemiológicas da Secretaria de Saúde, há 20 anos, a proporção era de 17,4%. Na comparação com 2018, houve queda de 10,7% de gravidez na faixa dos 15 a 19 anos, mas cresceu em 33,3% entre as menores de 15 anos.

Para o secretário de Saúde, Carmino de Souza, a política pública para a redução da gravidez de jovens deve levar em conta educação em saúde e ações para o planejamento reprodutivo, especialmente para reduzir casos de gravidez não intencional. Segundo ele, não é pregando a abstinência sexual que haverá redução nos índices no País.

A avaliação é que as políticas não devem levar em consideração apenas o início precoce da vida sexual, mas também a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e aos métodos contraceptivos. De acordo com o secretário, as pessoas, adolescentes ou não, têm autonomia para decidir. “Qualquer coisa que se faça para romper a autonomia, além de não ser adequada, não dá resultados. É preciso atuar fortemente na educação sexual em casa e nas escolas, e garantir acesso aos meios de controle que sejam da vontade da pessoa”, afirmou.

Em janeiro, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, anunciou que incluiria a abstinência sexual como política pública para sexo seguro e prevenção da gravidez na adolescência.

A afirmação da ministra provocou reações. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, os programas de redução da gravidez na adolescência com foco na abstinência sexual vêm tendo falhas em seus resultados. A avaliação é que as políticas não devem levar em consideração apenas o início precoce da vida sexual, mas também a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e aos métodos contraceptivos.

Defensores Públicos da União e do Estado de São Paulo enviaram uma recomendação ao Ministério dos Direitos Humanos para que não veiculassem a campanha pregando abstinência sexual como prevenção da gravidez em adolescentes, já que ela não teria suporte científico e traria riscos de desinformação.

Para Carmino de Souza, o investimento deve ser não em crença, mas em políticas de educação e saúde, ações para o planejamento reprodutivo. Jovens, disse, recebem acompanhamento em todas as fases da vida nos serviços de saúde da atenção primária. Entre os cuidados estão assistência à saúde sexual, à saúde reprodutiva, planejamento familiar, pré-natal, pós-parto, saúde da criança e do adulto.

Segundo ele, o risco de gravidez para uma menina, por exemplo, de 11 anos, é alto, porque o organismo não está desenvolvido para receber a gestação. Pode ocorrer elevação da pressão arterial (eclampsia e pré-eclampsia) e os problemas mais comuns no bebê estão a prematuridade e o baixo peso ao nascer.

No início do mês, o Ministério da Saúde e das Mulheres, Família e Direitos Humanos lançaram campanha de prevenção à gravidez na adolescência com o tema “Adolescência Primeiro, Gravidez Depois”. Serão gastos R$ 3,5 milhões na divulgação da campanha em diferentes tipos de mídias, incluindo TV e Internet.

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA EM CAMPINAS

Ano 10 a 14 anos 15 a 19 anos Total
2000 84 2.690 2.774
2005 66 1.951 2.017
2010 90 1.822 1.912
2015 92 1.879 1.971
2016 71 1.711 1.782
2017 50 1.485 1.535
2018 39 1.348 1.387
2019 52 1.203 1.255

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde

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