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Saúde, MPT-15 e Unicamp se unem em projeto para reduzir transtornos mentais ligados ao trabalho

A Secretaria de Saúde de Campinas, o Ministério Público da 15ª Região (MPT-15) e a Unicamp assinaram um termo de cooperação nesta terça-feira, 23 de abril, para desenvolver políticas de atendimento e prevenção aos transtornos mentais e suicídios relacionados ao trabalho. Entre as novidades está um projeto piloto com adesão das três instituições para melhorar notificações e busca ativa de casos nas unidades de saúde.

No evento também foi lançado um painel que mostra aumento de acidentes de trabalho entre 2020 a 2023 na área do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Campinas, vinculada à Saúde. Ele atende a metrópole e mais oito municípios: Americana, Artur Nogueira, Cosmópolis, Hortolândia, Nova Odessa, Paulínia, Sumaré e Valinhos.

O projeto piloto começa com profissionais da saúde primária dos centros de saúde Rosália e Vila Padre Anchieta, na região Norte de Campinas, além de serviços de atendimento de urgência e emergência. A etapa inicial tem previsão de dois anos e o objetivo é criar protocolos de atendimento para casos de transtornos mentais e tentativas de suicídio de trabalhadores, e ações para melhorar as notificações deste tipo de problema, que não se refletem nas estatísticas de acidentes.

“É importante discutir e propor ações concretas para reduzir os transtornos mentais ligados ao trabalho e, consequentemente, reduzir também o suicídio ligado ao trabalho. É uma ação importante, já que é um desafio imenso. Os transtornos mentais aumentaram muito no pós-pandemia e, relacionados ao trabalho, também aumentaram”, destacou o prefeito, Dário Saadi.

Como vai funcionar?

A Unicamp atuará na capacitação das equipes de saúde de Campinas que atuam nas unidades básicas e nos atendimentos de urgência e emergência, com propósito de ampliar o olhar na assistência. Em paralelo, a Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), fará um acompanhamento do trabalhador e irá verificar o que pode ser melhorado no ambiente laboral para evitar ou interromper as causas do problema.

“O paciente que eu estou atendendo, o que ele está apresentando, o que ele está sentindo, tem uma relação com o trabalho? Aí tendo essa relação com o trabalho, a gente vai fazer a notificação, seja um agravo, um acidente de trabalho que ele sofreu, para ter esses dados. A gente vai conseguir, além de fazer o atendimento para esses trabalhadores, sendo atendidos ali na unidade do bairro, do local onde mora, a gente também vai poder cruzar com os dados da empresa, do local de trabalho. Então qual é o local onde ele trabalha? Tem outras pessoas de outros municípios que trabalham nesse mesmo lugar? Daí a gente vai fazer a ação nesse local de trabalho para ter uma intervenção”, explicou a coordenadora da Saúde do Trabalhador, Christiane Sartori.

“O papel da universidade sempre é dar o suporte técnico, desenvolvimento de pesquisas, de estudos, promover os debates, as publicações que possam subsidiar então o desenvolvimento de novos protocolos. E a gente espera que essa parceria possa render muitos frutos e trazer benefícios para a sociedade como um todo”, avaliou Márcia Bandini, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Unicamp.

Ainda nesta terça, o MPT-15 se reúne no Salão Vermelho com representantes do Corpo de Bombeiros, Ministério do Trabalho e Emprego, polícias Civil e Científica, Guarda Municipal, Samu, Defesa Civil e Instituto Médico Legal (IML) para alinhar novo fluxo de comunicação de acidentes de trabalho, e como cada instituição pode contribuir no atendimento, análise e investigação dos acidentes graves e fatais que forem registrados em Campinas.

“Os transtornos mentais relacionados ao trabalho já representam a segunda maior causa de afastamentos. E nem sempre esses afastamentos são reconhecidos pela empresa como sendo do trabalho. Essa é uma doença insidiosa, lenta, que muitas vezes as pessoas têm uma certa dificuldade em reconhecer, até por preconceito, e que precisa ser informada para a população que se o ser humano adoece fisicamente, ele pode adoecer mentalmente. Esse projeto traz luz a esse problema e pretende fazer com que a rede pública esteja capacitada em condições de reconhecer uma doença mental como sendo relacionada ao trabalho para se prevenir o agravamento. O Ministério Público do Trabalho atua em todas essas ações e receberá as informações para fazer a instauração de inquéritos daqueles casos que foram mapeados de empresas que representam o maior número de afastamentos com esse tipo de adoecimento”, explicou o procurador do trabalho Mário Antonio Gomes. A instituição, com sede em Campinas, atua em 599 cidades paulistas.

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